Nas eleições de 2022, Rondônia elegeu oito deputados federais com perfis e bases políticas bastante distintos.
Três anos depois, o cenário político do Estado começa a se redesenhar e tudo indica que a eleição de 2026 trará mudanças profundas na composição da bancada federal.
Pelo menos três dos atuais parlamentares não devem disputar a reeleição, o que abre espaço para novos nomes, rearranjos partidários e uma renovação significativa na representação de Rondônia em Brasília.
Além das movimentações naturais do processo eleitoral, outros fatores devem influenciar diretamente o resultado, como a queda de popularidade de alguns deputados e a necessidade dos partidos atingirem o quociente eleitoral para garantir cadeiras — um elemento que promete ser decisivo na nova configuração política do Estado.
Máximo mira voos mais altos
O deputado Dr. Fernando Máximo (União Brasil), o mais votado em 2022 com 85.604 votos, deve abrir mão da reeleição para disputar cargos majoritários, como o governo do Estado ou o Senado.
A principal dúvida, no entanto, é sobre qual partido irá abrigá-lo. Máximo é cobiçado por PL, Podemos e Republicanos, que veem nele um nome competitivo tanto na capital quanto no interior.
Silvia Cristina deve disputar o Senado
Reconhecida pelo trabalho na área da saúde e pela forte aceitação popular, a deputada Silvia Cristina (PP) deve deixar a Câmara e concorrer ao Senado, possivelmente pelo PSD.
Sua pré-candidatura é considerada uma das mais competitivas do Estado e deve atrair apoios importantes na disputa.
Lebrão fora do jogo, e Rafael Fera assume espaço
O ex-deputado Lebrão (União Brasil) ficou fora da Câmara após decisão do STF sobre redistribuição de vagas, o que resultou na posse de Rafael Fera (Podemos).
Mesmo fora do mandato, Lebrão continua com influência política, especialmente através da filha, deputada estadual, e deve participar ativamente das articulações regionais.
Já Rafael Fera, que assumiu a vaga, é muito bem aceito na região de Ariquemes e vem ampliando sua presença política no interior.
Apesar disso, ainda há quem questione a possibilidade de ele disputar novamente, alegando que o parlamentar teria direitos políticos cassados — situação que segue sob análise e gera divergência entre juristas e aliados.
Com esses três nomes fora da disputa — e a incerteza sobre o futuro político de Fera —, Rondônia tende a vivenciar uma das maiores renovações políticas de sua história recente.
Parte dos atuais parlamentares enfrenta queda de popularidade e dependerá fortemente do “fator partido” para garantir sobrevivência eleitoral.
Maurício Carvalho e os caminhos abertos
O deputado Maurício Carvalho (União Brasil) é apontado por aliados e por vários caciques políticos como um dos nomes com cadeira praticamente garantida na eleição do próximo ano.
Reconhecido por sua habilidade política e capacidade de articulação, Maurício é visto como um dos líderes mais influentes de Rondônia, com bom trânsito entre diferentes grupos e força consolidada tanto na capital quanto no interior.
Apesar do favoritismo, não está descartada a possibilidade de Maurício disputar outro cargo, como deputado estadual ou até mesmo vice-governador, caso Mariana Carvalho e o grupo político familiar avaliem que o caminho mais estratégico para 2026 seja o retorno de Mariana à Câmara Federal.
Mariana Carvalho mantém protagonismo
A ex-deputada Mariana Carvalho, eleita duas vezes para a Câmara, continua entre os nomes mais influentes da nova geração política rondoniense.
Em 2022, disputou o Senado pelo Republicanos e obteve 263.559 votos (32,15%), ficando a apenas 30 mil de Jaime Bagattoli (PL), o eleito.
Mesmo com a derrota, saiu fortalecida, com base fiel e destaque em Porto Velho e em parte do interior do Estado.
Para 2026, o cenário ao Senado promete ser um dos mais disputados da história política de Rondônia, com nomes como Marcos Rocha (atual governador), Silvia Cristina (PP), Marcos Rogério (PL) — que pode recuar de uma eventual candidatura ao governo para buscar a reeleição —, e Bruno Scheid, vice-presidente estadual do PL e aliado próximo de Jair Bolsonaro, com quem mantém relação pessoal.
Diante de um quadro tão competitivo, Mariana pode optar por não arriscar ficar mais um período sem mandato e disputar uma das oito vagas à Câmara Federal, onde já possui trajetória consolidada e reconhecimento político nacional.
Léo Moraes pode ser o diferencial em 2026
O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), vem se destacando fortemente na capital e surpreendendo até os mais céticos.
Sua gestão mantém alta aprovação popular, perceptível tanto nas ruas quanto nas redes sociais.
Léo e sua equipe articulam a formação das nominatas de deputado federal e estadual, buscando fortalecer o Podemos e ampliar a presença do partido nas duas casas legislativas em 2026.
O prefeito ganha força política, e seu apoio pode ser determinante na eleição de deputados federais, estaduais e até mesmo decisivo em uma disputa ao governo do Estado.
Com Porto Velho concentrando quase 30% do eleitorado rondoniense, o apoio de Léo Moraes é visto por analistas como fundamental para qualquer projeto político majoritário nas eleições do próximo ano.
Hildon Chaves pode entrar na disputa
Para embaralhar ainda mais o cenário político na capital, surge a possibilidade de o ex-prefeito de Porto Velho e até então pré-candidato ao governo do Estado, Hildon Chaves, disputar uma vaga de deputado federal.
Vale lembrar que Hildon deixou a Prefeitura de Porto Velho com alta aprovação popular e, ao longo de oito anos de mandato, conseguiu mudar significativamente a estrutura e a imagem da capital rondoniense.
Caso confirme a mudança de rumo, sua entrada na corrida eleitoral pode acirrar ainda mais a disputa pelos espaços políticos na capital, ampliando o número de nomes fortes na briga por uma das oito cadeiras de Rondônia na Câmara dos Deputados.
Expedito Júnior quer voltar à Câmara Federal
O ex-senador Expedito Júnior deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Com trajetória consolidada — incluindo dois segundos turnos para o governo (2014 e 2018) —, o presidente estadual do PSD mantem o contato com suas bases e anima lideranças em todo o Estado.
Com apoio de diversos prefeitos e vários vereadores espalhados no estado, Expedito reforça sua estrutura política e amplia o alcance do PSD em todas regiões de Rondônia.
Somando todas as suas qualidades — experiência, carisma e habilidade de articulação, o veterano vem forte para mais uma disputa, consolidando-se como um dos nomes de peso da eleição de 2026.
Crisóstomo, Cristiane Lopes, Mosquini e Thiago Flores seguem firmes
Entre os atuais e principais nomes com atuação consolidada, quatro figuras seguem firmes no cenário político de Rondônia:
Coronel Crisóstomo (PL) — mantém base sólida junto ao eleitorado bolsonarista;
Cristiane Lopes (União Brasil) — tem boa presença na capital e no interior;
Lúcio Mosquini (MDB) — consolidado no interior e com longa trajetória política;
Thiago Flores (MDB) — ex-prefeito de Ariquemes, mantém forte influência regional e boa articulação política, com presença constante nas pautas do interior.
Eles representam a continuidade da experiência, equilibrando o cenário entre renovação e permanência.
Novas lideranças em ascensão
Enquanto isso, novas lideranças regionais começam a despontar, articulando bases e alianças em diversas regiões.
Esses novos atores devem surpreender em 2026, reforçando o clima de competitividade e mudança em Rondônia.
Jaime Gazola desponta como novo favorito
O atual secretário municipal de Saúde de Porto Velho, Jaime Gazola (Podemos), vem se destacando pela forma como tem transformado a realidade antes caótica da saúde pública da capital.
Com gestão técnica, diálogo e resultados concretos, Gazola vem ganhando visibilidade política e é apontado por lideranças locais como um dos grandes favoritos a uma das vagas de deputado federal em 2026, pelo Podemos.
Com perfil sereno e pragmático, Jaime Gazola segue trajetória semelhante à do deputado Dr. Fernando Máximo, de quem é aliado e tem como referência.
Com muito jogo de cintura e forte presença no interior e na capital, o secretário consolida-se como um dos nomes emergentes mais competitivos do cenário político rondoniense.
Um novo ciclo político à vista
A eleição de 2026 promete ser uma das mais competitivas e renovadoras da história recente de Rondônia, marcando o início de um novo ciclo político no Estado.
Com o avanço de novas lideranças e o reposicionamento de figuras tradicionais, Rondônia caminha para um reequilíbrio de forças e uma representação mais diversificada em Brasília.
Vale destacar que, sem desmerecer os nomes citados, ainda existem diversos outros pré-candidatos — tanto da capital quanto do interior — com igual ou até maior potencial eleitoral, o que reforça o clima de disputa intensa e aberta pela composição da nova bancada federal rondoniense em 2026.
Entre eles, Juliane Fúria, primeira-dama e esposa do prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, desponta como um dos nomes de destaque na região central do Estado.
Outro nome forte é o do vereador Pastor Evanildo, figura conhecida na capital e pai do deputado Marcelo Cruz, que conta com o apoio do meio evangélico e a estrutura política de dois gabinetes — um na Câmara Municipal e outro na Assembleia Legislativa.
Também ganha força o nome da advogada Dra. Tânia Sena, reconhecida por sua atuação em defesa dos garimpeiros de Rondônia, que tem sido frequentemente mencionada nas rodas de conversas políticas e pode surpreender na disputa por uma das vagas de deputada federal.
Com tantos nomes fortes se articulando, e alguns já mirando cargos diferentes, as mudanças serão inevitáveis.
O cenário político de Rondônia segue em constante movimento — e, à medida que novembro avança, cresce a expectativa para os próximos meses, que antecedem abril, prazo final para as filiações partidárias.
Até lá, muitas articulações podem acontecer e alterar boa parte do quadro político descrito nesta matéria.



                                    